Esses documentários mostram o constante trabalho sobre o que deveríamos entender sobre "ativismo" ao longo dos tempos. É importante o ativista (especialmente o brasileiro) compreender que no atual contexto histórico (2018) as ações diretas nem sempre são pautadas por movimentações midiáticas e de intervenções, como se pode ver no vídeo. Estamos em outros tempos. O ativismo se alastrou, e umas das mais importantes armas são justamente as leis que protegem os proprietários de animais não humanos.
Devemos construir e seguir forçando as brechas das leis bem estaristas que estão lavradas em nossa realidade e, tão logo, na pressão e na ruptura de tais leis, sedimentar novas leis em direção à construção dos direitos animais, em constantes articulações para a ruptura das atuais legislações especistas.
Ações diretas no atual momento político são justamente aquelas que usam os instrumentos legais do judiciário. Protestos são importantes, desde que bem estruturados, para não apenas atingir o alvo (indústrias de exploração, etc.), mas, sobretudo, o grande público. O embate, através de ampla informação e alternativas para a população em geral, é uma grande estratégia empática e de resultados eficazes. Apontar de maneira leviana os tópicos do especismo é elevar-se diante do público como douto de algo de difícil acesso moral, quase acessível para poucos. O grande ganho é inserir nas pautas do dia o movimento de justiça para com os animais, e não macular a imagem do ativista como aquele que vive através do sacrifício por sua mensagem.
Assistimos há um bom tempo (e seria inevitável) o surgimento de personagens políticos ancorados no nicho de mercado das pautas de bem-estar dos animais. Não devemos ver esse processo como algo negativo, perpetuando as possíveis chances de mudanças nas mazelas do sistema pejorativo que virou boa parte da política nacional. Atentos a isso, devemos lembrar que fazer política não se restringe às cadeiras cativas partidárias daqueles que foram eleitos e atuam “na casa”, como apreciam os políticos profissionais no jargão legislativo, referindo-se às câmaras e às assembleias. Fazer (a boa) política é tarefa do ativista articulado atento às leis e às situações locais de cada tópico de libertação animal e, dessa forma, atribuir ao representante delegado pelo pleito (eleições) a tarefa de realizar com a justa medida as possíveis e verdadeiras políticas públicas voltadas aos animais não humanos.
A má política e seus representantes, predominam, sabemos disso. E dentro dessa realidade afirmo que se um ativista é articulado e atento em suas atividades de pleito pelos direitos animais, o mal político passa a ser a massa de manobra, e não o contrário!
Se o ativista é carente da indumentária, da imagem do guerreiro (de preto...) libertário de um movimento, seja bem-vindo à vida real e vista-se de trabalho articulado pela construção de justiças aos animais não humanos. Tenha em mente que os tópicos de libertação animal são pontuais, que o grande público está imerso no fenômeno que entendemos por especismo e que jamais poderão emergir e, por consequência, maximizar o maior número de animais salvos, se não forem conduzidos pelos caminhos alternativos (e possíveis) a uma vida não exploratória aos animais em seu cotidiano.
O movimento de libertação animal é construção, é trabalho. O movimento de libertação animal é entender que o político de ocasião tem prazo de validade e jamais terá apoio ou conseguirá enganar o ativista ou o socorrista organizado.
Há, sim, um princípio por detrás das ações pragmáticas que nada mais é do que a idoneidade das ações eficazes.
ONG PRINCIPIO ANIMAL Fernando Schell Pereira